sábado, 6 de junho de 2009

Dádiva....

Existem coisas que acontecem para alguns e outras que não.

Existem aqueles que são afortunados, outros não são.

Mas o que é mesmo ser afortunado?

É aquele que tem sorte de receber um prêmio? Um reconhecimento? Uma dádiva? Ou será que é aquele que recebe um pouco de cada? Ou uma boa parte de cada? Ou ainda, tudo de cada?

Lembro de um filme que assisti, em que duas partes foram muito interessantes...... duas partes que falam de coisas distintas, mas interligadas: Morte e vida.

Explico em forma livre....

Morte:

"Uma florada perfeita é uma coisa muito rara........
Não tenho medo da morte. E algumas vezes, até a desejei e busquei.......
Sempre que penso assim, venho a este lugar, onde meus ancestrais descansam. E lembro, que assim como estas flores, todos nós estamos morrendo."

Vida:

"E o que aconteceu com ele após a batalha?
Alguns dizem que retornou para sua terra.
Outros dizem que pereceu face seus ferimentos........
Mas prefiro pensar que ele encontrou aquela linda paz que todos nós buscamos....... mas que poucos conseguem encontrar."


Assim como outros, recebi uma dádiva, fui afortunado, ganhei um prêmio! Achei que, mesmo de forma não consciente, seria reconhecido.
Quando meu prêmio exauriu-se, fiquei perplexo! Não sabia o que fazer, fiquei desnorteado, como um zumbi, morto em vida.
Anos passaram, sem que percebesse. Anjos chegaram e foram. Não vi! Estava cego!

Depois da tormenta, a calmaria..... Pensava ainda: Porque o meu prêmio exauriu-se tão rápido? Porque outros foram tão mais afortunados? Tendo zelado de maneira distinta, meu prêmio teria perpetuado? Frutificado?

A vida retorna, você volta a enxergar, após um longo período de trevas......

E você vê, que todos, em algum momento, são afortunados de alguma maneira.

Observo intrigado, aqueles que foram e continuam sendo.........

Mas, assim como a folha que cai no riacho, continuo seguindo o curso das águas.......

E descubro que o não, não existe! O talvez, uma possibilidade. E o sim, ah, o sim, pode ser que sim.....

E lembro além do filme, de uma música, que em uma de suas partes diz: "...Escuridão já ví pior, endoidecer gente sâ...."

Passei pelas trevas, e hoje vejo e luz. E quando olho para trás, lembro com alegria, da dádiva que recebi, e da felicidade que tornou-se matéria sólida, e que pude tocar nela.

Lembro que sorri. Mas lembro o mais importante: Aquilo que vivi!

Sem esquecer que assim como o Zen, nada é tão bom, que não possua algo de ruim; e que nada é tão ruim que não possua algo de bom. Não permitindo ser traído pelo turbilhão de pensamentos que aparecem do fundo das águas.

Sigamos hoje em paz. Na paz que é possível alcançar. Na paz que existe em cada passo firme, com o olhar fixo naquele que é hoje, o seu caminho. Mesmo com as tormentas que surgem neste caminho. Caminho que escolheu, buscando afortunadamente, a paz.